terça-feira, 17 de março de 2009

TV em qualquer lugar?

16/03/2009
Gazeta Mercantil

Jeff Bewkes, presidente da Time Warner, espera colocar mais TV na internet, mas quer que os consumidores paguem por isso. A empresa, maior dona de redes de televisão por assinatura, o que inclui TNT, Cartoon Network, CNN e HBO, estava sentada assistindo às televisões abertas como ABC, CBS, NBC e Fox tentando encontrar uma solução para a distribuição de conteúdos de na web.
Mas agora, Bewkes tem um plano para colocar toda a programação da televisão paga na web, em sites como Hulu, MySpace, YahooTV ou mesmo Youtube. Mas claro, existe uma condição. Para ter acesso, a pessoa precisará provar que é assinante."Se você quer assistir suas redes de televisão ou programas favoritos por meio de banda larga ou qualquer aparelho, seja PC ou celular, você pode fazê-lo, desde que seja assinante de algum provedor multi-canal", afirmou Bewkes. "É uma extensão natural do modelo existente".
A iniciativa, chamada de TV Everywhere (ou TV em qualquer lugar), se apresenta como um esforço de todo o mercado e Bewkes espera um teste do modelo neste ano. "Não é algo apenas para o setor de televisão por assinatura", afirma. "É sim manter a saúde de todas essas redes fantásticas, enquanto fazemos com que não haja cobrança extra na plataforma online". A televisão por assinatura é um dos poucos recursos com base em assinaturas que a maior parte dos norte-americanos demonstram disposição em pagar. E isso é o que tem deixado boa parte da programação fora da web, a fim de preservar os 50% do total das receitas que vêm das assinaturas e evitar que as televisões por assinatura sofram do mesmo problema dos jornais ou gravadoras.
Tanto redes quanto operadoras de televisão paga têm muito a perder se o modelo de assinaturas cair, mas as redes ficam particularmente vulneráveis. Nas últimas duas décadas, a TV por assinatura atraiu dólares da TV aberta, saltando de 20% de receita com publicidade para os 50% de hoje. Mas os dias de bonança chegaram ao fim: a publicidade em TV está estagnada e operadoras como a Viacom sustentam a si próprias com as receitas de assinatura, em meio à queda da publicidade.
"No fim das contas, as operadoras de TV por assinatura ficarão bem, porque elas cobrarão pelo serviço que prestam, no caso, acesso às pessoas e nada quando o serviço toma a forma de vídeo linear ou em banda larga", afirma Craig Moffett, analista da Bernstein Research. No entanto, as redes não obtêm receitas com assinatura de audiências na internet. E se elas colocarem o conteúdo diretamente no online, há o risco de enfraquecerem suas mãos na hora de negociar seus próximos acordos com as operadoras.
Então, é assim que o "TV Everywhere" poderia funcionar: uma pessoa qualquer, ou um membro de uma casa que assina services de televisão a cabo, satellite ou via empresas de telecomunicações, poderia ter acesso online à programação incluído em seu pacote. Com o mercado apoiando o modelo, não importaria se o provedor for Time Warner Cable, DirecTV ou FiOS, da Verizon. A pessoa loga, informa dados de assinatura para um operador, e destrava diversos programas que não estão na web neste momento, como as séries The Wire, da HBO, e The Closer, da TNT.
Para 85% dos lares norte-americanos, o acesso extra seria gratuito. Bewkes disse que haverá opção "somente web" para aqueles que não possuem serviços de televisão por assinatura. O executivo acredita que o grande prol deste sistema é manter os lares com as assinaturas, enquanto expande um negócio nascente, com benefício da escala. "O que queremos é ter cinco pessoas assistindo televisão em um lar. Eu penso que o mesmo vale para este mundo", diz Bewkes.

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