domingo, 15 de março de 2009

Redação Interconectada do Daily Telegraph


A mudança completa do formato e das instalações físicas da redação do Daily Telegraph, um dos jornais mais tradicionais da Inglaterra, representa o primeiro movimento integral de passagem da velha imprensa escrita para o novo mundo das multiplataformas.No novo conceito, diversas mídias andam em paralelo e se completam unificando redações e construindo um complexo de informações, de acordo com as necessidades e solicitações dos usuários – desde o tradicional leitor de jornais aos adeptos dos diversos recursos eletrônicos de nova geração.

Todo esse esforço do jornal britânico pretende compensar o esvaziamento crescente da circulação e do volume de publicidade das publicações impressas, a partir das novas formas de receber informações, como iPods, websites, MySpace blogs, podcasts, celulares etc. Para se ter uma idéia do esvaziamento dos leitores tradicionais, a Innovation, uma empresa de pesquisa de mídia da Inglaterra, fornece um dado impressionante: a projeção da média de idade dos leitores de revistas, que era de 21 anos em 1996, deverá ser de 31 anos em 2016.

As modificações introduzidas no Daily Telegraph são tão inovadoras que existem grupos de editores de diversos países europeus visitando a nova redação, como fonte de inspiração para uma nova forma de trabalho, onde todos os profissionais levam em conta as diversas mídias e a melhor forma de utilizá-las.O novo formato é chamado de “estrela” pela disposição das mesas de trabalho, que convergem para um ponto central de reunião, em que os trabalhos editoriais se encaminham para as diversas mídias, no formato apropriado de cada uma, de acordo com a velocidade e a profundidade exigida em cada meio de divulgação.

Também a equipe de marketing acompanha esse trabalho, identificando e pondo em ação as oportunidades diversificadas de promoção e faturamento. As salas dos fundos da redação são da diretoria, mais alguns Fator importante para a alimentação do site são as informações dos internautas, desde os que relatam problemas regionais até depoimentos dos soldados ingleses no Iraque. Além de muita comparação de serviços, avaliando, por exemplo, os hospitais de determinada região.

Na mesa de cada um dos 470 jornalistas há uma tela para digitação e outra das agências de notícias, com atualizações constantes, demonstrando na prática que a mídia impressa isolada, na área de informação, não terá mais vez no futuro.Nas paredes estão as projeções, visíveis de qualquer ponto da redação, com formato maior para o site do jornal contendo a audiência das matérias mais clicadas, um importante indicativo de interesse do leitor, um bom auxílio na preparação do jornal. Ali está também a versão impressa do jornal – lida por apenas 10% dos internautas que navegam pelo seu site. E os diversos noticiários da televisão. As notícias de última hora vão direto para o site, ficando para a versão impressa os comentários, análises e interpretações dos fatos.

Trata-se de um sistema de aprendizado múltiplo, extensivo a toda a equipe, pelo período de um ano, em que o tradicional redator de jornal passa a pensar também nas plataformas digitais, assim como os jornalistas de formação eletrônica passam a se familiarizar com os textos mais elaborados da imprensa escrita. Como 40% das respostas ao conteúdo do site do jornal vêm de fora da Grã-Bretanha, os jornalistas se convenceram de que seu trabalho passa a ter um alcance muito maior, ao trabalhar também on-line. Um bom motivo para que os fanáticos por Gutemberg ampliem seu interesse pelas novas mídias.

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